O Brasil só vencerá o crime quando houver um pacto real entre quem faz, quem aplica e quem cumpre a lei

por Manoel Arruda
O governo Lula enviou ao Congresso, em regime de urgência constitucional, um projeto de lei para endurecer o combate às facções e milícias. Uma proposta que não passa de uma tentativa acadêmica de asfixiar o crime organizado, sugerida por um governo que, todos os dias, trabalha para enfraquecer as polícias, relativizar a violência e transformar criminosos em vítimas sociais.
As medidas foram apresentadas como a grande virada na segurança pública, mas representam só mais um movimento político do presidente Lula para se apropriar do tema mais urgente do país: a sensação generalizada de que o Estado foi tomado de assalto por criminosos e que a violência está fora de controle. Um governo refém do crime não tem condições de combatê-lo.
Ilusão de rigor e ausência de execução
O pacote antifacção é extenso. Determina o aumento de penas, criação de novos tipos penais e mecanismos de bloqueio de empresas usadas pelo crime. No papel, parece ser rigoroso. Mas trata-se de uma ilusão. Na prática, falta quem o execute. O mesmo governo que o assina é o que governa com partidos que atacam operações policiais, desautorizam investigações e questionam a ação das forças de segurança. O resultado é previsível: muito discurso e pouca ação.
O crime organizado brasileiro é transnacional, bilionário e sofisticado. Atua com armas, drogas, contrabando, lavagem de dinheiro e domínio de territórios. O governo federal, responsável por proteger as fronteiras e coordenar a repressão nacional, prefere discurso a ação. Em vez de investir em inteligência, tecnologia e força policial, repete narrativas que relativizam a culpa e alimentam a ideia de que o criminoso é vítima do sistema.
O pacto que o Brasil precisa
O problema não é apenas endurecer a lei — é endurecer a aplicação, com coerência e compromisso real. O país precisa de um pacto firme entre Executivo e Judiciário para garantir que o combate ao crime seja padronizado, contínuo e duro. Sem conchavos políticos, sem corrupção e sem o velho discurso de que o criminoso é produto de uma sociedade injusta. Esse olhar míope, típico da esquerda, tenta justificar o crime em vez de puni-lo, mantendo o país refém da violência e da impunidade.
O pacote é tecnicamente bem elaborado, mas o governo não tem autoridade moral para conduzi-lo. Sua base política é formada pelos mesmos grupos que, no passado, atacaram operações policiais, defenderam saídões e tentaram enfraquecer o Ministério Público. É difícil acreditar na firmeza de um governo que vive da barganha, que negocia com partidos envolvidos em escândalos e que trata a segurança pública como pauta de conveniência.
Coragem é o que falta em Brasília
Endurecer a pena é importante, mas de nada adianta se o criminoso continuar agindo dentro da cadeia, comandando o tráfico por celular e lavando dinheiro em empresas de fachada. O governo deveria estar fortalecendo a Polícia Federal, criando programas permanentes de repressão nas fronteiras e estruturando a inteligência financeira nacional. Falta investimento, integração tecnológica e vontade política.
O crime é digital e global. O Estado ainda é analógico e lento. As facções se reorganizam todos os dias, enquanto o governo se perde em disputas partidárias.
Outro ponto crítico é o abandono das forças de segurança. O governo tem o dever de apoiar e equipar as polícias, dar segurança jurídica aos agentes e garantir proteção a quem está na linha de frente. O policial brasileiro combate o crime com coragem, mas sem respaldo. Não há política nacional de valorização, nem investimento real. O resultado é previsível: o medo cresce, o crime avança e o Estado recua.
O pacote antifacção acertou ao reconhecer o problema, mas o país precisa de algo maior que uma lei: precisa de autoridade, coerência e execução. Precisa de um governo que pare de transformar segurança pública em discurso político.
O Brasil só vai vencer o crime quando houver um pacto de verdade entre quem faz a lei, quem aplica a lei e quem a cumpre. Um pacto de autoridade, não de conveniência.
O crime organizado é o maior desafio da nossa geração. E ele não será vencido por um governo que fala grosso no microfone, mas age com medo na prática. O país precisa de força, convicção e coragem. E coragem, infelizmente, é o que mais falta em Brasília.
*Manoel Arruda, 46 anos, é advogado, presidente do União Brasil no Distrito Federal e senador suplente. Foi subsecretário da SSP-DF e assessor especial do Ministério da Justiça.
por Manoel Arruda
O governo Lula enviou ao Congresso, em regime de urgência constitucional, um projeto de lei para endurecer o combate às facções e milícias. Uma proposta que não passa de uma tentativa acadêmica de asfixiar o crime organizado, sugerida por um governo que, todos os dias, trabalha para enfraquecer as polícias, relativizar a violência e transformar criminosos em vítimas sociais.
As medidas foram apresentadas como a grande virada na segurança pública, mas representam só mais um movimento político do presidente Lula para se apropriar do tema mais urgente do país: a sensação generalizada de que o Estado foi tomado de assalto por criminosos e que a violência está fora de controle. Um governo refém do crime não tem condições de combatê-lo.
Ilusão de rigor e ausência de execução
O pacote antifacção é extenso. Determina o aumento de penas, criação de novos tipos penais e mecanismos de bloqueio de empresas usadas pelo crime. No papel, parece ser rigoroso. Mas trata-se de uma ilusão. Na prática, falta quem o execute. O mesmo governo que o assina é o que governa com partidos que atacam operações policiais, desautorizam investigações e questionam a ação das forças de segurança. O resultado é previsível: muito discurso e pouca ação.
O crime organizado brasileiro é transnacional, bilionário e sofisticado. Atua com armas, drogas, contrabando, lavagem de dinheiro e domínio de territórios. O governo federal, responsável por proteger as fronteiras e coordenar a repressão nacional, prefere discurso a ação. Em vez de investir em inteligência, tecnologia e força policial, repete narrativas que relativizam a culpa e alimentam a ideia de que o criminoso é vítima do sistema.
O pacto que o Brasil precisa
O problema não é apenas endurecer a lei — é endurecer a aplicação, com coerência e compromisso real. O país precisa de um pacto firme entre Executivo e Judiciário para garantir que o combate ao crime seja padronizado, contínuo e duro. Sem conchavos políticos, sem corrupção e sem o velho discurso de que o criminoso é produto de uma sociedade injusta. Esse olhar míope, típico da esquerda, tenta justificar o crime em vez de puni-lo, mantendo o país refém da violência e da impunidade.
O pacote é tecnicamente bem elaborado, mas o governo não tem autoridade moral para conduzi-lo. Sua base política é formada pelos mesmos grupos que, no passado, atacaram operações policiais, defenderam saídões e tentaram enfraquecer o Ministério Público. É difícil acreditar na firmeza de um governo que vive da barganha, que negocia com partidos envolvidos em escândalos e que trata a segurança pública como pauta de conveniência.
Coragem é o que falta em Brasília
Endurecer a pena é importante, mas de nada adianta se o criminoso continuar agindo dentro da cadeia, comandando o tráfico por celular e lavando dinheiro em empresas de fachada. O governo deveria estar fortalecendo a Polícia Federal, criando programas permanentes de repressão nas fronteiras e estruturando a inteligência financeira nacional. Falta investimento, integração tecnológica e vontade política.
O crime é digital e global. O Estado ainda é analógico e lento. As facções se reorganizam todos os dias, enquanto o governo se perde em disputas partidárias.
Outro ponto crítico é o abandono das forças de segurança. O governo tem o dever de apoiar e equipar as polícias, dar segurança jurídica aos agentes e garantir proteção a quem está na linha de frente. O policial brasileiro combate o crime com coragem, mas sem respaldo. Não há política nacional de valorização, nem investimento real. O resultado é previsível: o medo cresce, o crime avança e o Estado recua.
O pacote antifacção acertou ao reconhecer o problema, mas o país precisa de algo maior que uma lei: precisa de autoridade, coerência e execução. Precisa de um governo que pare de transformar segurança pública em discurso político.
O Brasil só vai vencer o crime quando houver um pacto de verdade entre quem faz a lei, quem aplica a lei e quem a cumpre. Um pacto de autoridade, não de conveniência.
O crime organizado é o maior desafio da nossa geração. E ele não será vencido por um governo que fala grosso no microfone, mas age com medo na prática. O país precisa de força, convicção e coragem. E coragem, infelizmente, é o que mais falta em Brasília.
*Manoel Arruda, 46 anos, é advogado, presidente do União Brasil no Distrito Federal e senador suplente. Foi subsecretário da SSP-DF e assessor especial do Ministério da Justiça.



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