Painel FIEG: Forte entrada de capital estrangeiro e inflação sob controle impulsionam o otimismo do setor produtivo brasileiro no Natal
O encerramento de 2025 apresenta um cenário de contrastes e resiliência para o setor produtivo brasileiro. De acordo com o Painel Semanal da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG), publicado em 24 de dezembro, a economia global e nacional atravessa movimentos decisivos que impactam diretamente a indústria e o agronegócio, equilibrando-se entre o crescimento robusto nos Estados Unidos, mudanças históricas na política monetária japonesa e uma inflação sob controle no Brasil.
Cenário internacional: A força dos EUA e a virada histórica no Japão
O cenário externo continua sendo ditado pelo dinamismo norte-americano. O PIB dos EUA cresceu 4,3% no terceiro trimestre, superando as expectativas do mercado e consolidando uma expansão robusta. Complementando esse quadro, os pedidos de seguro-desemprego no país somaram 214 mil, indicando uma acomodação moderada do mercado de trabalho, enquanto a produção industrial registrou leve alta de 0,1%.
Na Ásia, o movimento mais emblemático da semana veio do Banco do Japão (BoJ), que elevou sua taxa de juros para 0,75%, o patamar mais alto em 30 anos. Este ajuste marca o fim de uma era de taxas ultrabaixas e gera impactos significativos nos fluxos de capital globais, pressionando o iene e afetando o chamado "carry trade".
Já na Europa, o panorama é de estagnação e deflação setorial. O Reino Unido registrou um crescimento tímido de 0,1% no PIB do terceiro trimestre, enquanto na Alemanha, o índice de preços ao produtor (PPI) caiu 2,3%, refletindo a fragilidade da atividade industrial no bloco.
Brasil: Investimento estrangeiro em alta e inflação controlada
No front nacional, os dados de Balanço de Pagamentos trazem um alento para o setor produtivo. Apesar do déficit de US$ 4,94 bilhões nas transações correntes em novembro, o Investimento Direto no País (IED) atingiu impressionantes US$ 9,82 bilhões, superando largamente as projeções do mercado e demonstrando a confiança contínua do capital externo no mercado brasileiro.
A inflação também dá sinais de convergência. O IPCA-15 de dezembro variou 0,25%, fechando o acumulado de 12 meses em 4,41%. Este resultado, alinhado às expectativas da imprensa especializada e de órgãos oficiais como o IBGE, mantém o índice dentro da meta, oferecendo um ambiente de maior previsibilidade para o planejamento industrial. No setor de construção, o INCC-M registrou alta moderada de 0,21%.
A confiança do consumidor, medida pela FGV, encerra o ano em 90,2 pontos, o nível mais alto desde o final de 2024, impulsionada por um mercado de trabalho aquecido e pela recuperação do poder de compra.
Impactos para o setor produtivo e commodities
O setor industrial e o agronegócio observam com atenção a volatilidade das commodities. Na última semana, destacaram-se as altas no petróleo (+6,1%) e no arroz (+7,0%), enquanto a soja (-1,1%) e o boi gordo (-1,1%) apresentaram recuos.
Para a indústria goiana e brasileira, o cenário exige cautela estratégica. O impasse nas negociações do acordo Mercosul-União Europeia, agravado pela resistência política na França e por protestos de agricultores europeus contra a "concorrência desleal", retarda a abertura de novos mercados para os produtos manufaturados e agroindustriais nacionais. Além disso, a valorização das fontes de energia e insumos básicos mantém a pressão sobre os custos de produção.
Complementando a agenda de integração regional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se, em 20 de dezembro, com chefes de Estado e delegações dos países membros e associados do Mercosul, em Foz do Iguaçu. O encontro, realizado no emblemático Mirante das Cataratas, reforçou o compromisso brasileiro com o fortalecimento do bloco frente aos desafios globais. Para o setor produtivo, a reafirmação dessa unidade regional é estratégica, pois sinaliza um esforço conjunto para destravar negociações comerciais e ampliar a infraestrutura logística na América do Sul, elementos fundamentais para escoar a produção industrial e agropecuária goiana com maior competitividade.
Perspectivas
O ano de 2025 termina com fundamentos econômicos estáveis para o Brasil, ancorados em investimentos estrangeiros sólidos e controle inflacionário. Contudo, a indústria permanece vigilante quanto às mudanças nas taxas de juros globais e ao protecionismo crescente nos blocos econômicos centrais. A liderança da FIEG reforça a importância da inovação e da competitividade para que o parque industrial brasileiro continue crescendo em um ambiente de negócios cada vez mais globalizado e desafiador.




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